quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Fonte de S. Sebastião

Esta fonte da Ericeira situa-se no extremo norte da Vila, Junto à ermida de S. Sebastião e a meia descida para a praia com o mesmo nome. Por detrás da ermida, virada a norte, tem uma larga escadaria em pedra de calçada que lhe dá acesso. No fim do primeiro lanço, chegamos a um pequeno patamar e à nossa direita encontramos a fonte actual, sobranceira ao mar e rodeada por bancos de pedra.
Esta velha fonte de água potável, um pouco salobra, tem a particularidade de ser mais fresca de verão, ao contrário dos dias frios de inverno, em que nos parece mais tépida.
A construção desta fonte deverá ser da mesma época da ermida de S. Sebastião, que já existia no século XVII: "No ano de 1643, no Livro das Visitações, há uma referência à Confraria de S. Sebastião". E ainda alguns anos mais tarde: "No ano de 1678, data da fundação da Misericórdia da Ericeira, esta confraria já devia ser antiga, em virtude de na escritura de compromisso, assinada entre o fundador desta instituição e os mestres das embarcações, se fazer mençao às tumbas das irmandades de S. Pedro e de S. Sebastião, em que se hão-de extinguir e ficar sómente a da Casa da Misericórdia."

A existência no século XVII, destes confrades do Santo orago desta ermida, dá-nos a garantia de pelo menos algumas reuniões durante o ano. Também neste mesmo século, o acrescentamento da sacristia e de uma pequena casa, incrustadas na parte norte do hexágono original desta capela, leva-nos a deduzir que esta Confraria teve necessidade de maior espaço coberto para essas reuniões. É normal que daí venha o aproveitamento das águas desta fonte, que vertiam livremente pelas arribas, por estes Confrades, os quais, ao frequentarem estes lugares, tinham a necessidade de saciar a sua sede. O próprio Jaime Lobo e Silva relata-nos: "A 5 de Julho de 1841, foi concertada a antiga Fonte de S. Sebastião."
Se nesta data, que mestre Jaime nos dá, a fonte já era antiga, isso dá-nos a garantia de pelo menos, vir do século XVIII. No entanto, julga-se ser muito anterior. Remonta talvez aos princípios do século XVII.
Não é de pôr de parte a hipótese de esta ermida ter tido origem em época árabe como morabito; pequeno templo de culto islâmico, igual a muitos outros espalhados pelo território e que ainda mantêm as características originais, tendo sido adaptada para uso cristão.
O padre Carvalho da Costa no seu livro "Corografia Portuguesa", edição do princípio do século XVIII (1702) diz o seguinte: "Há nesta vila da Ericeira três fontes perenes." É possível que se referisse às seguintes fontes: Fonte da Lua (na calçada da Ribas e que nessa altura levaria ainda alguma água), Fonte do Cabo e Fonte de S. Sebastião.
A Ericeira teve mais algumas fontes, mas todas elas de construção posterior à data da edição deste livro do padre Carvalho da Costa. Resta, segundo documentação existente, uma outra fonte, se assim a podemos considerar: as águas de Santa Marta.
Pouco mais se sabe sobre esta fonte, apenas uma referência dada por Jaime Lobo e Silva: "Já durante o ano de 1911, o Sr. Hermano Franco de Matos, por sua conta, manda concertar as escadas do Largo de S. Sebastião, que dão acesso à fonte e construir as que, da fonte, descem para a praia".

João Bonifácio

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