sábado, 28 de fevereiro de 2009

Vida de cão

(Rua Alves Crespo)


Só em dias de calor
Me dá esta preguiceira,
É quando dou o valor
Ao sol da Ericeira

...

Esponjado aqui no chão,
Com as pulgas quietinhas
Sem me darem comichão,
Pois como eu, elas estão
Gostosamente quentinhas.
João Bonifácio

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Poema de infância

*
Ericeira pequenina,
Que moras mesmo à beira-mar,
És tão linda, linda, linda,
Que eu nem te posso deixar.

Lindo jardim,
Olaralala,
Que Deus te plantou.
Lindo jardim,
Que Deus te semeou!


Ditado popular


Dizia-se muito que quem bebesse
água da Fonte do Cabo viveria e
casaria na Ericeira

Todas as mães vão à fonte,
E mais tarde vão as filhas,
A olhar os namorados,
Às vezes quebram as bilhas.

Textos cedidos gentilmente por Ana Cortez,
nascida na Ericeira, professora do 1º Ciclo Básico
"Cancioneiro Regional da Ericeira" - 2000

1482


29 de Julho de 1482

João Regalia, morador na Ericeira, fez nesta data, doação ao Círio de São Pedro da mesma Vila, de uma herdade denominada "o Caramujo", nos arrabaldes da Vila.
O Círio de São Pedro era uma enorme vela, ou coluna, de cera com o peso de 4 a 5 arrobas, que se acendia na Igreja durante os actos de culto. A Câmara, que naqueles tempos era quem administrava as coisas da Igreja, costumava alugar aquele Círio para figurar em festividades de igrejas, noutras freguesias.

" Saibam os que este instrumento de dote virem; que no anno do nascimento de nosso senhor Jesus Cristo, de mil e quatrocentos e oitenta e dois annos, aos vinte e nove dias do mez de Julho, em a villa da Eyriceira, em caza de Fernão de Sousa e das testemunhas que ao deante são escriptas, logo ahi pareceu João Regalia, morador em a dita villa, e disse que elle tinha uma herdade, onde chamam o Caramujo, termo da dita villa, que parte à travessia com João Afonso e com Diniz Dolenvença, e a aguião com João Pexes, e ao soom com herdade de São Pedro e com outras confrontações com que de direito deve de partir; a qual herdade o dito João Regalia disse que a deixava que fazia dela dote ao cirio de São Pedro da dita Villa; que o que rendesse em cada um anno, que se ponha em o dito cirio, e que os Juizes da dita Villa o façam aproveitar; a qual herdade logo renunciou de si e a deu para o dito cirio, deste dia para todo o sempre.
E mais disse o dito João Regalia que, posto que depois lhe venha outra vontade, que queira tirar a dita herdade ao dito cirio, que elle lh'a não possa tirar, e querendo-a tirar que pague ao dito cirio cinco mil reis brancos, de pena; e levada a dita pena ou não, que esta escritura seja sempre firme, neste dia e para todo o sempre. Em testemunho de verdade lhe mandou ser feita esta presente, que foi feita e outorgada em dita Villa, dia, mez e era susodita.
Testemunhas, Fernão de Sousa, Pedro Afonso, tecelão, Luiz Gonçalves, moradores em a dita Villa, e outros. Eu, Gonçalo de Sousa, que esta escrevi e aaqui meu signal fiz, que tal é (signal publico). Pagou com a nota vinte reis.
(Arquivo Eiriceirense, Maço 4 - Igreja Paroquial)
"Anais da Vila da Ericeira"
Jaime d'Oliveira Lobo e Silva - 1932

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O canto da baleia

(Praia do Sul, Baleia)

Há quem diga com desdém
Que é o vício de pescar
Mas para o Jagoz porém
O vício é, sentir o mar
*
...e com terna gratidão
Num alegre muralhar
Tenta o mar, brincalhão
Os pés do Jagoz molhar

João Bonifácio