segunda-feira, 6 de abril de 2009

Forte de S. Pedro (Milreu)

(Dedicado ao bom Jagoz e amigo da Ericeira: José Henriques)

No extremo norte da Vila da Ericeira, no local conhecido por Milreu, junto do actual parque de campismo, encontra-se o pequeno forte de S. Pedro, ali implantado para defesa costeira. Segue-se a cronologia da sua história.

1670 - Inicia-se a sua construção.
1675 - Encontra-se concluído, segundo relatório então elaborado a propósito da visita de inspecção do marechal de campo, o marquês de Fronteira.
1680 - Já está guarnecido, sendo seu 1º governador o cabo Domingos Luís.
1706 - Governa-o Francisco de Almeida Carvalho.
1735 - Apresenta-se artilhado com 7 bocas de fogo e guarnecido, sendo seu governador o cabo José de Mendonça.
1751 - Devido ao rigoroso Inverno e segundo o relatório do sargento-mor Filipe Rodrigues de Oliveira, o forte encontra-se arruinado, necessitando de serem reconstruídos os parapeitos das baterias, bem como as 2 guaritas e colocadas novas portas e janelas.
1755 - Recebe obras na sequência dos estragos causados pelo terramoto.
1796 - Subsiste a ruína de algumas partes da fortificação (designadamente da escada de acesso ao terraço), segundo o relatório do coronel José Matias de Oliveira Rego, o qual informa que existem então na fortificação 1 peça de bronze e 5 de ferro em bom estado de conservação, sendo a guarnição composta por 7 soldados e 5 artilheiros.
1806 - Enquanto estrutura militar, o forte é desmantelado e desguarnecido.
1819, 3 de Janeiro - A Câmara pede auxílio ao Rei para a reconstrução da muralha do Cais, que o mar havia desmoronado.
1819, 14 de Junho - João Gaudêncio Torres é nomeado Inspector da obra da reconstrução da muralha.
1821 - O forte encontra-se abandonado e em acelerado estado de ruína.
1831/1832 - É reparado e volta a funcionar como posto de defesa.
1832 - Está artilhado e nele as tropas miguelistas aguardam o desembarque dos liberais que não veio a verificar-se neste ponto da costa.
1853 - Já não dispõe de artilharia e encontra-se abandonado.
1867 - Subsiste o estado de abandono.
1871 - É solicitada autorização ao Ministro da Guerra para se utilizarem lajes do forte para o restauro da igreja de São Pedro.
1872 - Verifica-se a entrega do material bélico que ainda se encontra na fortificação e disponibilizam-se as lajes para a igreja de São Pedro.
1880 - Por ordem superior, a artilharia de bronze ainda existente no forte é removida para Lisboa, sendo as peças de ferro enterradas em vários locais.
1883/1886 - Desabam partes da muralha do forte.
1891 - A Guarda Fiscal instala-se no forte e na edificação anexa (antiga residência do governador do forte), onde funcionara até então uma escola primária do sexo feminino e igualmente servido temporariamente como local de ensaio da Filarmónica da Ericeira.
1896 - Dá-se o desabamento de mais uma parte da muralha do forte.
1940, 17 de Julho - Inicia-se a construção da muralha subjacente ao forte.
1941 - Deixa oficialmente de ser considerado uma fortificação militar, passando para a dependência do Ministério das Finanças. Em Maio conclui-se a construção da muralha subjacente.
1945 - É entregue à Junta de Turismo da Ericeira.
1946 - A Direcção Geral de Turismo concede autorização para a realização de obras de adaptação a miradouro que não chegam a concretizar-se.
1970 - Surge um projecto para instalação de uma casa de chá que também não se concretiza.
1973 - Outro projecto para instalação de uma pousada no forte (segundo projecto do Arq. António Pinto de Freitas), o que mais uma vez se não concretiza.
1985 - É apresentado à D.G.E.M.N. um projecto para a instalação de um café - restaurante no forte. Também não se concretiza.
1992 - É apresentado à Junta de Turismo da Ericeira um projecto para a instalação de um café - concerto no forte. O destino deste projecto segue o dos anteriores.
(segundo descrição da DGEMN)

Presentemente, este pequeno forte de protecção da costa norte da nossa Ericeira, encontra-se em ruína, completamente abandonado.

1 comentário:

Anónimo disse...

O Forte «Milreu», faz parte do meu imaginário de infância e juventude, como aliás da generalidade da nossa geração e anteriores.
Reflecte bem a politica cultural e de defesa do Património Arquitectónico, praticada em Portugal, onde se controem Centros Comerciais como cogumelos a nascer, e se ignoram estas preciosidades da nossa identidade enquanto Povo.

Muito obrigado pelo texto, e pela dedicatória, e deixo-te uma frase, para reflexão:

UM POVO SEM MEMÓRIA, É UM POVO SEM FUTURO!!!

Abraço!!

José Henriques