quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Malha urbana até ao séc. XVIII (7)

Rua Direita de S. Sebastião ou rua do Forte, rua de Baixo


Junto a esta falésia existiram o caminho do carro e dois miradouros

Apesar de já terem sido referenciados estes dois topónimos, da actual rua de Baixo, voltamos a eles, em virtude destes dois nomes figurarem nesta mesma rua, durante bastante tempo, assim como, a partir de certa época, esta rua, foi fraccionada passando a ter vários outros nomes.
Nos finais do séc. XVIII, princípios do séc.XIX, estes nomes aparecem, para a mesma rua, em variada dcumentação dessas épocas. Encontramos mais vezes o topónimo Forte, bem como noutros documentos se menciona o topónimo rua Direita de S. Sebastião.
Não há dúvidas que estes topónimos se referem a esta rua, porque é referida em documento a existência de determinada moradia na rua Direita de S. Sebastião, junto ao Forte.
O topónimo Forte ganhou maior consistência principalmente durante o séc. XVIII e mais tarde em documentação dos finais do século XIX, ainda aparece rua de S. Sebastião.
O topónimo rua Direita de S. Sebastião deveria ter existido durante grande parte do séc. XVII e todos os anteriores, antes da construção do Forte. Ainda não existia o Forte, já esta rua existia, principalmente o lado poente até à travessa do Algodio. Portanto, é compreensível que este nome tivesse raízes mais antigas do que o topónimo Forte, levando as pessoas a manter e utilizar o antigo nome, apesar de outos mencionarem o novo nome do Forte.
Ainda hoje encontramos na Ericeira topónimos oficiais menos conhecidos ou vulgarmente menos utilizados que o topónimo antigo. Sabe-se que o carisma de um nome fortemente enraizado no povo, mesmo depois de ter passado bastante tempo e mesmo várias gerações, o seu primitivo nome se mantém em uso, e há casos em que não desaparece, dependendo da força, ou aceitação do topónimo novo.
Este topónimo de S. Sebastião é um desses casos, demorou bastante tempo a desaparecer nesta rua. O topónimo Forte ganhou força na memória do povo, em virtude da proximidade desta fortaleza, se bem que continuou em uso o antigo topónimo S. Sebastião. Como já se disse, esta rua é das mais antigas da Ericeira com urbanização, principalmente o lado poente. Nos finais do séc. XV já se encontrava bastante urbanizada.
Durante o séc. XVI a urbanização continuou pelo lado nascente da rua, apesar deste lado ter menos urbanização, devido aos quintais das moradias do lado poente da rua do Norte. O lado nascente da rua de Baixo era mais utilizado como serventia dos ditos quintais. Exteriormente aos fogos que foram construídos no lado poente, ou seja, pelo lado do mar, existiu um caminho chamado de carro. Este caminho deixou de existir ou ser transitável depois de 1860. Leva-nos, portanto, a deduzir que os primeiros fogos foram construídos a uma certa distância da falésia, só que esta, com a erosão e com o tempo foi-se degradando, ruíndo, e este mencionado caminho deixou de existir (ver foto acima). Aliás, o mesmo género de caminho que ainda hoje podemos encontrar desde a parte norte da praia do Algodio até S. Sebastião e mesmo este se não fôr protegido, irá desaparecer parcial ou totalmente.
Em relação a esta rua do Forte devemos também mencionar que depois de ter desaparecido o caminho do lado do mar, por volta de 1865, durante algum tempo do séc. XX ainda existiram dois miradouros para o mar, em diferentes lugares desta rua. Um deles, imediatamente a norte das instalações da Guarda Fiscal, o outro, sensivelmente a meio da rua. Estes dois miradouros foram ocupados pelas propriedades adjacentes. Mais um dos atentados, que no último século têm sido feitos ao património ericeirense.

Leandro Miguel dos Santos
"Toponímia Histórica da Vila da Ericeira"
(Fotos de João B.)

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