terça-feira, 16 de março de 2010

24 Novembro 1909

Seguem no fim do corrente mês para o Rio de Janeiro os sr.s Bernardino da Silva Montoito, Joaquim da Silva Montoito, António Inácio de Matos, António Rodrigues e Acácio Serra Andrade.

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Faleceu na Beneficência de Manaus o nosso conterrâneo Faustino Alberto. Exercia ali a profissão de marítimo. Sentimos bastante.

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Esta Vila tem aumentado consideravelmente de alguns anos para cá. A estrada de Sintra ainda há bem pouco tempo era desprovida de prédios e hoje já conta grande número deles. Num dos próximos números publicará a "Mala da Europa" a fotografia de uma habitação pertencente ao sr. J. Pardal e de outra que o sr. José Leitão vai mandar edificar num terreno pegado com a horta do sr. João de Barros.

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Depois de tantos pedidos à Câmara, conseguimos que se restaure o caminho que nos conduz à Praia de S. Sebastião, que já desde tempos afonsinos estava desprezado, o que só entre nós sucede.

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No dia 8 do próximo mês de Dezembro realiza-se a Festa de Nossa Senhora da Conceição que será abrilhantada pela Nova Filarmónica Ericeirense. No princípio do dito mês, começam as novenas à Santa Padroeira, que serão cantadas por um coro de meninas educadas pela sr.a D. Adélia Neves. No dia 8 serão distribuídas as esmolas legadas pelo falecido José Luís Crespo.

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Depois de oito dias de permanência no estrangeiro regressou à Ericeira o sr. Domingos Fernandes.

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Realiza-se no dia 27 do corrente, o enlace matrimonial da sr.a D. Guilhermina da Fonseca Cardoso, filha do ilustre clínico Dr. António Emílio Figueiredo Cardoso, com o sr. Raul Álvares da Silva.
Partiram para Lisboa para assistir a este casamento o sr. Joaquim Gonçalves e sua família.

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Partiram também para Lisboa e fixaram ali residência as sr.as D. Laura Bento Franco e Maria da Assunção Bento Franco.

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Chegou à Ericeira, vinda de Bucelas, a sr.a D. Maria Madalena Caiado.

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Foi dado como falido o sr. Jaime Artur Correia, com mercearia no Largo de D. Amélia, vulgo Jogo da Bola.

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É hoje julgado na Comarca de Mafra o sr. José Alves Luciano, por desobediência ao Regedor sr. Francisco Franco Gomes, autoridade local.

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Como a pesca das lagostas é um dos melhores ramos de negócio da classe piscatória, estão-se construindo muitos barcos de pequeno lote para este fim.

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Com estas últimas chuvas, os campos da Ponte Nova e Volta do Carro estão na sua totalidade alagados.

18 Novembro 1909

Foi grande o número de famílias que concorreram a ares e banhos a esta praia, vindo buscar alívio para os seus padecimentos e outras procurar o repouso e descanso, que neste pequeno torrão tão facilmente se encontra.
Infelizmente para os habitantes desta localidade, essa época cheia de vida e alegria e principalmente desejada pelos muitos lucros que sempre para aqui traz, vai passando, pois são já bem poucas as famílias que nos dão a honra de se conservarem, suportando contudo os princípios do triste Inverno.

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As armações de sardinha do sr. Cândido Rodrigues foram retiradas para terra, o que causa muitos embaraços a grande parte destes habitantes que encontram ali um grande meio de ganhar o pão cotidiano.

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As obras do hospital estão já muito adiantadas e, diga-se com justiça, merece todos os louvores a digna comissão pela maneira como tem fiscalizado a dita obra.

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É também digno dos maiores elogios o Regedor, sr. Francisco Franco Gomes, pelo modo como se tem conduzido sempre com os seus serviços de autoridade nesta Vila e pelo interesse que tem pelo seu progresso.

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As Águas de Santa Marta, do sr. António Lopes da Costa, foram este ano, como nos anos anteriores, muito concorridas.

19 Setembro 1909

O sr. António da Costa Gaspar está tratando com a companhia dos telefones para ver se pode organizar a ligação da Ericeira com a rede geral de Lisboa. Oxalá se consiga tal melhoramento, de grande alcance para a nossa Vila.

terça-feira, 2 de março de 2010

Jaime Lobo e Silva

Nasceu na Ericeira a 9 de Novembro de 1875.
Frequentou a Escola Oficial onde aos treze anos fez exame final das disciplinas do Curso Elementar de Instrução Primária com a classificação de Bom.
Em 6 de Maio de 1895 assentou praça militar para servir por 12 anos, alistando-se como aprendiz de música no primeiro Batalhão do Regimento nº 5 de Infantaria do Imperador da Áustria, Francisco José.
Pronto da instrução em 20 de Novembro de 1896, passou de imediato ao Regimento nº 2 de Caçadores da Rainha onde permaneceu até 6 de Maio de 1898, tendo nesta data passado à primeira reserva.
Em 1 de Outubro de 1899 foi transferido para o Regimento nº 1 de Caçadores da Rainha e, em 20 de Fevereiro de 1900 passou ao Distrito de Recrutamento e Reserva nº 1 onde se manteve até 6 de Maio de 1903, data em que passou à segunda reserva.
Em 6 de Maio de 1907 foi-lhe dada baixa por ter completado o tempo de serviço activo e de reservas.
A 26 de Setembro de 1909 começa a enviar correspondência para a "Mala da Europa" - que iremos desenvolver no blog sob a etiqueta Mala Posta - o que faz com certa regularidade até 31 de Outubro de 1916, data em que este semanário deixa de ser publicado.
Por volta de 1917 entrou para a Escola Académica de Lisboa, como escriturário, onde se manteve durante cinco anos.
Entrou para a Santa Casa da Misericórdia da Ericeira em Janeiro de 1923 conforme acta de 14 de Março. Já como funcionário da Misericórdia da Ericeira é convidado pelo Dr. Rafael Salinas Calado para organizar o Arquivo da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, o que fez de 2 a 20 de Junho de 1936, e que lhe valeu como apreço, este retrato escrito por Salinas Calado:
"Decifram-se calhaus, restos de cantarias, pergaminhos, bulas, toda a espécie de inscrições, mesmo em cascas de caranguejos. À primeira investida, encolhe os ombros e invariavelmente diz logo: "eu não sei,  mas vamos a ver?... Sabe tudo... e Sabe."
Mestre Jaime com a bengalinha que mais parece uma algália, com os óculos remendados e a beata ao canto da boca, está sempre pronto para cantar de barítono, para arremeter com pedras, com inscrições, ou para comentar velharias.
É o segundo monumento da Ericeira, pois o primeiro é o Pelourinho."
A 11 de Setembro de 1943, ainda ao serviço da Santa Casa da Misericórdia da Ericeira, faleceu aquele a quem todos se habituaram a chamar o "Mestre Jaime".

segunda-feira, 1 de março de 2010

7 de Abril de 1929

"Há grande ansiedade na população desta vila pela resolução que se espera ser tomada pela Câmara Municipal na próxima sessão, referente à construção de um mercado coberto na Ericeira, proposta à mesma Câmara pelo nosso conterrâneo sr. Eugénio dos Santos Caré.
Como o assunto não acarreta para a Câmara o mais pequeno dispêndio, antes pelo contrário, lhe traz reconhecidas vantagens e lucros certos e garantidos, é de esperar que a mesma Câmara dê ao mesmo assunto a resolução que se espera."
"A Ericeira na Gazeta de Torres"
(1927-1933)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

1512

8 de Junho de 1512

Em sessão desta data, delibera a Câmara que o procurador do Concelho vá a Lisboa com um dos Vereadores informar a quem trata dos Forais, acerca dos "Conductos".

(Os "Conductos" era um direito que tinham os pescadores, pelo antigo Foral, de em cada 12 peixes tirarem 1 para seu mantimento e de que não pagavam impostos.
Pelo que consta da acta da sessão de 13 de Outubro de 1511, parece que estiveram em risco de perderem esse antigo direito, que afinal, sempre lhes foi concedido, no novo Foral, ainda que reduzido.)

"Anais da Vila da Ericeira"
Jaime d'Oliveira Lobo e Silva
1932

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

1511

4 de Junho de 1511

Veio à Ericeira Um Fernão Esteves morador em Alenquer, empregado no serviço de remissão dos cativos no Arcebispado de Lisboa, apresentando documento do Escrivão de Mamposteiro-Mor da Remissão dos Cativos, que o autorizava a receber dos mamposteiros pequenos, todo o dinheiro que tivessem nos seus mealheiros, e bem assim todo o procedido de multas para a dita remissão. Um Vereador, na ausência do Juiz, ordenou ao momposteiro pequeno, na Ericeira, que fizesse entrega daquele dinheiro; e sendo quebrados dois mealheiros, neles se acharam 376 réis, que o dito Fernão Esteves logo recebeu. O Procurador do Concelho apresentou 320 réis, procedidos de condenações, tirando-lhe a 4ª parte, por emolumentos que lhe pertenciam. E, sendo presente um homem do lugar de Mógos, da Freguesia de Santo Isidoro, fez entrega da quantia de 327 réis, procedidos do mealheiro da dita Freguesia e peditório nela.

"Anais da Vila da Ericeira"
Jaime d'Oliveira Lobo e Silva
1932