quinta-feira, 18 de junho de 2009

A Abadia da Ericeira

Para nós, Jagozes, a Abadia significava na nossa juventude apenas duas coisas: Dia da Espiga e batalhas épicas.
Era na Abadia que nos empanturrávamos de arroz doce e filhoses nesse dia de comemoração pagã.
Era na Abadia que travávamos as maiores batalhas medievais na pele de miúdos guerreiros, cavalgando imaginários puros-sangue lusitanos e árabes, brandindo espadas e arcos de flechas feitas de caniças da ribeira.
Mas o que vos quero contar, embora de forma resumida, é a origem deste lugar e do seu nome: Abadia.
Segundo documentação de 1368, no reinado de D. Fernando, esta Abadia fazia parte de um extenso domínio a que chamavam Quinta de Ilhas. Supõe-se que tenha sido dividida em duas partes: uma pertencendo à coroa que a doou a João Gonçalves - o cavaleiro, a partir de quem, em 27 de Março de 1487, D. João II faz doação aos frades do Convento de S. Domingos de Benfica. Outra pertencendo ao Duque de Bragança Dom Jaime, continuando depois com os Condes da Ericeira e Louriçal, e depois com os Condes de Lumiares, os seus senhores directos até 6 de Abril de 1881, altura em que a vendem a Manuel da Silva Gamanho, proprietário e residente em Fonte Boa da Brincosa. Os registos paroquiais de Santo Isidoro revelam que o actual nome de Paço d'Ilhas remonta ao início do século XVII.
A designação de Paço deverá estar relacionada com um antigo Paço cujas ruínas ainda persistem e onde se podem ver cantarias de estilo manuelino.
Junto às ruínas do Paço existe uma pequena capela dedicada a S. Sebastião.
Tudo indica que actualmente os topónimos "Abadia", "Pinhal dos Frades", "Paço d'Ilhas" e praia de "Ribeira d'Ilhas" façam parte dos antigos terrenos da Quinta de Ilhas, termo do antigo Concelho da Ericeira.

João Bonifácio

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