segunda-feira, 20 de abril de 2009

O fim de uma instituição ?

É com preocupação e alguma revolta que os Jagozes da Ericeira têm acompanhado o evoluir da situação do Grupo Desportivo União Ericeirense. Situação algo delicada que pode ditar o fim do clube. Situação ainda mais delicada quando está em jogo a vida humana.
Não faço aqui juízo de valores. Cada um terá as suas razões e, possívelmente, ninguém terá razão alguma.
Certo é que a obra está feita. Certo é que será criminoso deixar destruir o que tanto custou a levantar. Certo é que alguns serão culpados pela situação a que se chegou. Não estou aqui para apontar o dedo a ninguém. Mais certo ainda é que todos nós seremos responsáveis pela forma como tudo irá acabar. Para o bem e para o mal.
A História da Ericeira julgará, no futuro, o comportamento de todos, no presente.
Do "Grupo Desportivo União Ericeirense" destaca-se uma palavra que está a tomar força no seio dos jagozes e de todos os amigos da Ericeira: "União" !
Será, sem qualquer tipo de dúvida, a única saída para a resolução do problema. A união. A solidariedade.
A história desta instituição faz parte da história da nossa terra. Deixá-la morrer é deixar morrer um pouco da Ericeira. Está nas nossas mãos evitá-lo.
Quero aqui deixar também a minha solidariedade para com os dirigentes e atletas do Grupo Desportivo União Ericeirense. Em especial ao seu presidente que atravessa horas angustiantes e demonstra uma coragem indómita, própria de um verdadeiro JAGOZ.
Estamos todos contigo Tomané.
Resumo dos acontecimentos:
"O presidente do Grupo Desportivo Ericeirense começa a ressentir-se do cansaço ao fim de dois dias de greve de fome, a que aderiu por estar a ver os seus bens pessoais a serem penhorados por dívidas do clube.
"Sinto-me muito cansado em especial depois de estar a falar aos jornalistas e às centenas de pessoas que aqui têm passado e me têm dado o seu apoio", disse hoje à Agência Lusa, cerca das 16:00, o presidente do Ericeirense, Mano Silva.
"A médica alertou-me que a minha tensão está mais baixa e mandou-me dosear o açúcar na água e dormir no mínimo 12 horas, mas tenho dormido pouco", acrescentou.
Mano Silva, "consciente do risco de vida", iniciou a greve de fome às 11:00 de terça-feira como forma de pedir ao Governo e à Câmara Municipal de Mafra, que "foram parte dos problemas" do clube, que sejam agora "parte da solução".
O dirigente acusa as duas entidades de terem contribuído para a falta de receitas no clube da 1.ª Divisão Distrital de Honra de Lisboa. Contactada pela Lusa, a Câmara Municipal de Mafra, escusou-se a comentar.
"Estivemos seis anos à espera que a câmara autorizasse a instalação de uma superfície comercial em terrenos anexos ao estádio", justificou o dirigente.
Por outro lado, acusa a autarquia e o Governo de não terem dado estatuto de utilidade pública ao Grupo Desportivo Ericeirense, condição necessária à instalação de um espaço para se jogar bingo, que iria em 2003 não só "cobrir as dívidas" do clube como garantir uma receita mensal, cujo valor não foi avançado.
As dívidas à banca, avaliadas em um milhão de euros, foram contraídas em 2001 através de dois empréstimos, que tiveram como fiador o próprio presidente do clube e que eram destinados a financiar as obras do complexo desportivo e a aquisição do terreno para a superfície comercial.
Devido à falta de verbas do clube, os bens pessoais do dirigente estão a ser penhorados por ordem judicial devido a uma dívida que, com os juros, subiu para os dois milhões de euros.
"Já vendi dois apartamentos para honrar os compromissos do clube e está já em execução a penhora de um prédio de quatro pisos, um apartamento e um terreno", disse Mano Silva, que corre o risco de ficar sem casa em Maio e sem quaisquer bens pessoais.
Mano Silva, que está dia e noite no estádio do Ericeirense, tem ingerido apenas água e um chá com açúcar.
O dirigente tenciona, "a partir de segunda-feira, deixar de ingerir quaisquer líquidos", se não forem encontradas as soluções para o pedido de ajuda que tem vindo a fazer.
O empresário foi hoje visitado pelo presidente da Liga de Clubes de Futebol Não Profissionais, Dias Ferreira, que foi ao local manifestar apoio ao dirigente desportivo."

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3 comentários:

Anónimo disse...

Esperava há alguns dias um texto teu sobre este assunto, que sabia ires abordar, mais dia menos dia, e fizeste-o com a pertinencia e equilibrio a que nos habituaste.

Conheço o Tomané desde os meus 15 anos (ele é mais velho que eu), aquando da minha passagem pelo Grupo Cultural da Ericeira, nos idos de 70 e inicios de 80. Muitos cartazes colámos por essas estradas fora, anuciando os bailes que o Grupo Cultural organizava no Clube Naval, e bons momentos passámos a acartar a mobilia dos conjuntos, por esse País fora, nas mais diversas actuações, que se faziam.
O Tomané, era para nós - mais novos - uma referência de liderança e sensatez, e fazia a simbiose perfeita do líder e amigo.
O espirito dessa época, tem-me ajudado bastante ao longo da vida, na forma como encaro a minha postura aos mais diversos níveis, e posso dizer sem rebuço, que sem me ensinar nada (no sentido clássico), o Tomané me transmitiu muito.
Tem sido com grande apreensão - ampliada pela distância - que tenho seguido esta situação, de uma pessoa que estimo e que fez um trabalho notável à frente do GDU Ericeirense, que é hoje um Clube de uma dimensão incomparável, daquilo que era há uns anos, e muito graças à acção do Tomané, que eu tenho acompanhado à distância, porém com atenção.
Nestes momentos complicados, tudo recordamos, e até me vem frequentemente à lembrança o Sr. Joaquim Silva - pai do Presidente do GDUE - que foi meu companheiro na Filarmónica da Ericeira, e que era também ele uma referência para os mais novos como eu, e que lá de onde estiver, estará certamente a olhar pelo filho, e não vai deixar que nada de irreversivelmente grave lhe suceda!

É nestes momentos que nos sentimos mais jagozes do que nunca!

Um forte e sincero abraço para o Tomané!!

José Henriques (Fiti)

Anónimo disse...

Saudações, José Henriques.
Obrigado pelo teu comentário.
Estive ausente, daí ter levado um pouco mais de tempo a actualizar o blog.
Esta situação do Tomané é deveras preocupante e dá-nos que pensar.
Pensar se nos dias de hoje valerá a pena confiar nas instituições que se dizem impulcionadoras do bem estar das populações. Pensar se a nossa Ericeira alguma vez fez parte de um grupo de freguesias sob a tutela centralizadora de uma sede de concelho madrasta.
Pensar se, ela própria extinta como concelho há quase um século, passou a partir daí a fazer parte apenas da República das Berlengas.
Uma coisa tenho como certa: os jagoses ericeirenses só podem contar com eles próprios e com alguns amigos da terra. Os outros, cinicamente só servem para lhe sugar o sangue.
Sei que somos poucos e bons. Só não sei se isso será suficiente para salvar a vida do Tomané.
Por isso, nesta hora decisiva, para além de bons teremos de ser muitos, imensos, para fazer ver a pequenez dos que nos desprezam.
Um abraço.

Anónimo disse...

Este poder politico que finge que nos governa, mas que só se governa a si próprio, são as ultimas pessoas em quem podemos confiar, e por esta situação do Tomané, temos a prova cabal.
Em períodos eleitorais, tudo é fácil e perfeito na boca destes vendedores de banha da cobra!

Não me vou alongar mais, para não transformar este espaço - que não tem esse propósito - num local de análise e critica politica, embora nesta situação, não seja possivel abordá-lo sem a vertente politica vir ao de cima.
Ou então sou eu - que como assumi sempre ao longo da minha vida, posicionamentos politicamente incorrectos - que já vejo teorias da conspiração em cada acto que envolva politicos. Enfim!!

José Henriques