terça-feira, 27 de outubro de 2009

1507

1 de Setembro de 1507

Por ordem do Ouvidor foi feito inventário de toda a prata e paramentos da Igreja de São Pedro, e tudo entregue à guarda do Juiz Ordinário, declarando o mesmo Ouvidor que assim se devia fazer por ser esse um costume muito antigo desta Villa.
O Ouvidor era um Juiz que os Donatários nomeavam e residia na Villa, onde os representava em tudo que se referia ao exercício dos direitos senhoriais, e conhecia, por apelação, de todas as causas cíveis.
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"Este é o inventário das cousas da Igreja, que João Meão entregou a Alvaro Anes, Juíz, perante mim Tabalião e Gonçalo Pires, clerigo, ao primeiro de Setembro de 1507.
PRATA
Dois calices de prata com suas patenas a saber: um pesou um marco e cinco onças, branco; e outro pesou um marco e três onças, dourado na maçã e nos bordos.
Um turibulo de prata branco com suas cadeias e... com duas argolinhas, tudo de prata, e pesou dois marcos e duas onças.
Uma custódia dourada, com duas cadeiasinhas e com dois fechos de prata e com uma cruzeta com o crucifixo e com 4 pedras de vidro e com a caixa em que anda a hostia quando dizem missa; toda dourada e pesa dois marcos.
Duas coroas de prata a saber: uma branca, que pesou os marcos e tem duas pedras de rubis, e cons uns crescentes dourados; e outra é dourada com um esmalte grande e...
Uma cruz grande de prata dourada, com um crucifixo todo dourado, com uma maçã grande no pé, e dali para baixo, branca.
ROUPAS E VESTIMENTAS
Uma vestimenta de veludo, preta, com a sua alva comprida.
Uma vestimenta que se deu por Dona Izabel; pano brunido de linho, com cruz vermelha, comprida.
Vinte e cinco manteis, novos e velhos, linho estopa. - 25.
Outros manteis novos, tirados de lã vermelha.
Duas mezas de toalhas francezas.
Dez lençoes novos e velhos.
Dois panos de veludo vermelho com que se cobre a gaiola do Corpo de Deus, e uma estóla, todo com enxarafas.
Quatro vestimentas brancas, usadas.
Uma vestimenta usada, de sirgo, pintada.
Uma vestimenta que se deu por o Anjo, listada de rôxo e amarela, comprida.
Uma dalmatica amarela e com enxarafas, a saber: de feição de camisa.
Um pano azul, do cruzeiro.
Dois frontaes.
Dois livros de missas.
Um psalterio de escriptura, de rezar.
Uma sentença dos bens de Gonçalo Anes, e instrumento de petição.
Arca com fechadura, em que toda esta fazenda está, e 50 reaes da rendição das corôas.
Eu, Alvaro Anes, me dou por entregue de todas estas coisas, e me obrigo a dar conta delas.

(Arquivo Municipal, Livro de Actas de 1507).

"Anais da Vila da Ericeira"
Jaime d'Oliveira Lobo e Silva
1932

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