quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Ti Chico Piloto



Francisco Almeida Piloto
Banheiro da Praia do Sul. A dúvida que existia entre este Francisco de Almeida e o Francisco de Almeida Marrão. Qual deles tinha sido sinaleiro no embarque da Família Real.
A dúvida era se tinha sido este sinaleiro ou Francisco Nascimento de Almeida Piloto (nascido em 3 de Janeiro de 1841, que casou com Cristina do Carmo em 25 de Abril de 1870, tendo falecido a 27 de Fevereiro de 1915.
Era pai da "Ti" Aurora Piloto, e foi banheiro durante muitos anos, na Praia do Sul, tendo salvo, entre muitas, a vida ao Dr. Joaquim Pedro Alves Crespo.)
Francisco de Almeida Marrão foi sinaleiro no período entre 1908 e 1912, dedicando-se posteriormente à actividade de banheiro na Praia do Algodio, da qual tinha a concessão por Carta Régia, bastante anterior ao começo do século XX. Mais tarde, de 1934 a 1938, volta a fazer sinais.
Tinha por hábito mandar avançar os barcos, assobiando e fazendo gestos com os braços na sua grande e imponente figura. Foi pessoa bastante estimada tanto pelos marítimos locais, como pelos veraneantes que, naquela época, frequentavam as nossas praias.
Faleceu na Ericeira, por volta das 09H00, do dia 9 de Junho de 1949, com 85 anos.
Bibliografia: Do livro "O Embarque - Um dia na História de Portugal", 1ª edição, no inquérito feito pelo Sr. Júlio Ivo, a 27 de Outubro de de 1928, na pág. 78, diz o seguinte: "Como o mar estivesse um tanto picado, Carrilho tinha mandado para o Forte o antigo Sinaleiro do porto (não tinha lugar oficial, os marítimos pagavam particularmente e também esteve algum tempo ao serviço da firma C. Rodrigues & Comp.ª, o seu serviço consistia em indicar com o chapéu ou com o barrete, de que usava, o momento em que as barcas deviam sair ou entrar no porto; já faleceu), chamado Bartolomeu Neto.
Nota: Em virtude de, o inquérito feito pelo Sr. Júlio Ivo já ter passado 18 anos à data do embarque da Família Real, é muito possível que a pessoa, ou pessoas que foram questionadas, tenham dito que o Sinaleiro na altura era o Bartolomeu Neto. Convém aclarar a verdade:
Primeiro, conforme folha de pagamentos passada pela firma Rosa & Comandita, a todos os que colaboraram nesse embarque, não consta o nome de Bartolomeu Neto, mas sim o de Francisco de Almeida (Sinaleiro).
Segundo, O Ti Anastácio Casado diz lembrar-se muito bem de, quando tinha 13 anos (idade em que tirou a Cédula Marítima), o Francisco d'Almeida Marrão já fazer, há 2 ou 3 anos, sinais às embarcações.
(Folha de pagamento aos marítimos da Ericeira que participaram no embarque da Família Real para o exílio em 5 de Outubro de 1910)
Bernardino Rocha, 1.000 réis - João Fernandes Mano, 1.000 Réis
Hilário, 1.000 Réis - José da Inês, 1.000 Réis
Artur Barreira, 1.000 Réis - António Pão Alvo, 1.000 Réis
António Caboz, 1.000 Réis - José Batista, 1.000 Réis
António Inácio, 1.000 Réis - José Safarujo, 1.000 Réis
André de Almeida, 1.000 Réis - José Virão, 1.000 Réis
João Moraco, 1.000 Réis - Luis Virão, 1.000 Réis
Henrique Mira, 1.000 Réis - Joaquim Casado (remador), 1.000 Réis
Francisco Gaudino, 1.000 Réis - Joaquim Meadinho, 1.000 Réis
Manuel de Barros, 1.000 Réis - António Martelo (mestre), 1.000 Réis
Domingos Dias, 1.000 Réis - *Francisco de Almeida (sinaleiro), 300 Réis
António Santos Reis, 1.000 Réis - Vicente Moraco, 1.000 Réis
Domingos Faronca, 1.000 Réis - 16 ajudantes (300 Réis cada), 4.800 Réis
TOTAL: 29.100 Réis
Ericeira, 5 de Outubro de 1910 - P. P. Rosa & Commandita -
Ericeira - Buarcos - Ericeira - José Camarate Carrilho
"Os Sinaleiros do Mar na Ericeira"
Leandro Miguel dos Santos - 1994

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